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Dinheiro saindo do forno


Você quer montar um delivery de pizza e não sabe o que fazer para ele ser diferente do que tem ali na esquina? Empreendedores experientes nesta área revelam alguns segredinhos que podem ajudá-lo a saborear este apetitoso negócio

por Janaina Pereira, revista Meu Próprio Negócio, edição 7 3

Quem não gosta de pizza? Difícil encontrar alguém que não resista a uma redonda – seguramente uma das opções mais lembradas pelo brasileiro quando a fome casa com a geladeira vazia em uma noite qualquer. Por conta disso, o delivery de pizza é um negócio atrativo em qualquer lugar do País. Estima-se que, somente na cidade de São Paulo, 2,5 mil restaurantes ofereçam o serviço de delivery de pizzas.

Segundo o consultor Rogério Fernandes, da RGM Consultoria, de Curitiba, a pizza, por ser um prato relativamente barato, é facilmente comercializada no Brasil, sendo um tipo de negócio favorável em qualquer região do País. “O empreendedor deve estar atento às necessidades regionais e, acima de tudo, planejar o negócio. Mas é um segmento que ainda oferece espaço para novos empreendimentos, podendo estar presente em áreas nobres ou de baixo poder aquisitivo, pois todas as classes sociais comem pizza.”

Mas, para se destacar em um oceano de concorrentes, é imprescindível que a pizza tenha qualidade e chegue quentinha no cliente, garante Ricardo Gutierrez, da Da Vinci Pizzeria, em São Paulo. O empresário, que teve pizzaria e delivery de 1994 até abril de 2007, quando optou por restringir-se ao delivery, diz que é necessário em média de 25 mil a 30 mil reais para iniciar no segmento. “Em maio de 2007 trocamos de endereço. Saímos de um espaço de 600 m2 para operar em um de 60 m2, o necessário para a operação de um delivery. Como estamos em Perdizes, uma região de muita valorização imobiliária, a mudança resultou em um diminuição sensível de nossos custos. Com isso, melhoramos nossa rentabilidade e pudemos investir mais no negócio”, conta Gutierrez.

O retorno do investimento do empresário, previsto inicialmente para um ano, aconteceu em apenas quatro meses. O segredo do sucesso? Um bom forno, três geladeiras, freezer, fogão, masseira, ralador de mussarela, fatiador de frios, moedor de tomate, computador com um software para delivery, telefones, funcionários treinados e um bom pizzaiolo, que Gutierrez conhecia de outra pizzaria, na qual era cliente.

“Mas a principal dica que posso dar, especialmente para quem trabalha com um público alvo como o meu, que são classes A e B, é nunca abrir mão dos melhores produtos em favor de preços.”

Qualidade é fundamental, não só para atrair o consumidor à pizzaria como também para fazê-lo ligar para ela. Ou melhor, voltar a ligar. Há seis anos no mercado, Gilberto Cardoso Matias, sócio da Esquina da Pizza, em Belo Horizonte, conta que no início do seu negócio quase viu tudo ir por água abaixo por não apostar na qualidade.

“Sai do meu emprego e, com o dinheiro do FGTS, abri uma pizzaria delivery. Sempre imaginei ser um bom negócio, afinal, quem não gosta de pizza? Acabei decidindo por ser conhecido como ‘a pizza mais rápida do bairro’, mas, em pouco tempo os clientes começaram a reclamar. Diziam que a pizza tinha pouco recheio, o queijo não era saboroso, não tinha muita variedade”, conta Matias.

O empresário considerou os comentários dos clientes e passou a se ater à qualidade tanto quanto a rapidez. Hoje, Matias tem uma clientela fiel e está sempre tentando inovar para agradar os consumidores. “Atendemos, em média, de 100 a 150 chamados nos finais de semana”, diz. Para fidelizar o cliente, além de oferecer uma pizza saborosa, o empresário adotou práticas promocionais bastante comuns, mas eficientes como dar um refrigerante para quem compra as pizzas mais caras, colocar toda semana dois tipos de pizza com preços especiais e incluir cupons na tampa da caixa da pizza, premiando com uma pizza grátis todo o consumidor que juntar um determinado número.

Para a pizza chegar quentinha e inteira aos consumidores, Matias explica que a equipe precisa estar bem treinada. “Tanto o pizzaiolo quanto o entregador precisam ser cuidadosos com o manuseio da pizza. Ela tem que estar bem embalada, totalmente fechada, e deve sair do delivery rapidamente, para que chegue quente ao cliente. E só com muito treinamento da equipe conseguimos que tudo funcione perfeitamente, com sintonia.”

Trabalho diário

Ricardo Rossi, da Babbo Luigi, em São Paulo, começou a trabalhar neste mercado em 1998, mas foi em 2008 que passou a dedicar-se exclusivamente ao delivery de pizza, depois de desfazer-se de outros negócios.

“O delivery já existia desde 1996, e meu ex-sócio me chamou dois anos depois para fazermos a parceria. Na mesma época abrimos também um lava rápido e um estacionamento. Ano passado desfizemos a sociedade. Eu fiquei com o delivery, porque gosto mais de alimentos, e ele ficou com os outros negócios”, conta.

Rossi alerta a quem pensa em empreender na área, que delivery é um tipo de negócio que exige bastante do dono. “Além do trabalho diário, os fins de semana e feriados também fazem parte da rotina do proprietário de um delivery. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Claro que, com dinheiro, você pode investir mais.”

O empresário acredita que alguns fatores são fundamentais para alcançar sucesso na área. “Além do óbvio, que é ter qualidade na pizza, rapidez na entrega e excelente atendimento, é preciso observar bem o local onde está se montando o delivery, quem será o público para o qual você vai trabalhar, quem são os seus concorrentes, o que eles oferecem e como eles trabalham. Isso ajuda a montar o seu perfil de negócio.”

Ter boa visão de mercado é fundamental para criar diferenciais com relação a concorrência. “Se você tiver coragem e for inovador em algum quesito em relação à seus pares, tem mais chances de montar algo interessante, que atraia mais clientes.”

De entregador a dono

Alexandre Salazar começou no mercado de delivery de pizza como entregador. Em 1999, com a saída do dono, assumiu o negócio. “ No início foi um corre-corre, eu e o meu sócio fazíamos de tudo. Enquanto um era responsável pela entrega, o outro produzia as pizzas. Não recomendo isso para ninguém pois hoje sei o quanto é valioso o planejamento em um empreendimento. Isso durou até as próprias circunstâncias conduzirem cada um para uma frente do negócio. Percebemos que não dava para fazer tudo.”

Ao organizar a empresa, Salazar optou por pequenas reformas no local, mudar a razão social para Mister Magoo Pizzaria e fazer material para divulgação. “Do segundo para o terceiro ano éramos em quatro pizzaiolos, dois atendentes e oito entregadores. Também construímos dois fornos novos”, lembra o empresário.

O retorno foi rápido, pouco menos de um ano, mas, no terceiro ano da empresa, as novas contratações e compra de equipamentos aliados a falta de reajuste de preços corretos causaram um desequilíbrio. Foi necessário uma mudança de estratégia para voltar a ter lucros. “Agora fazemos promoções originais e usamos mais o site, que é um meio de comunicação ainda pouco explorado pela concorrência.” Salazar aponta o espaço em que o delivery está localizado como um diferencial importante e “a preferência deve ser por locais próximos a um comércio de bastante movimento como farmácia, padaria e mercado.”

Ele também enumera a infra-estrutura necessária: um pequeno salão para espera, área de trabalho com visibilidade para o cliente, espaço para estoque, local para guardar lenha e ótima localização. “Para quem procura um espaço ideal é importante estudar a vizinhança para não ter problemas com a chaminé, barulho da pizzaria e das motos; local para os clientes pararem o carro, de preferência em frente à pizzaria, pois geralmente na primeira compra o cliente gosta de conhecer a casa”, ensina.

Não se precipitar e estudar o mercado também são dicas do empresário para os novatos neste negócio. “Trabalhe com as melhores matérias-primas, busque os meios legais para abertura de empresa e concessão de alvará de funcionamento e, principalmente, tenha certeza que sua mão de obra, o pizzaiolo e o forneiro, sejam ótimos, porque se a sua pizza for ruim você terá dois resultados: vender muito barato ou vender pouco, gerando baixo ou nenhum lucro. Uma pizza boa leva um cliente a atravessar bairros e deixar de comprar em outras pizzarias para comprar na sua”, finaliza.

Franquia de delivery

O delivery de pizza é um investimento que pode dar crias. Que o diga Elídio Bianzini, da franquia Didio Pizza, de São Paulo. “Há 18 anos iniciei meu próprio negócio. Percorri um longo caminho com a Didio Pizza até adquirir o conhecimento que tenho hoje. Aprendi com minha inexperiência. Hoje, o bem mais precioso que tenho a oferecer é justamente a minha experiência.

A Didio Pizza agora é uma franquia de ‘delivery’.” Biazini era analista de sistemas quando percebeu que o mercado de pizzarias delivery no Brasil precisava de diferenciais competitivos e resolveu apostar no segmento. O começo foi complicado, mas ele não desistiu e criou um esquema de produção de pizzas com sabores que fogem ao tradicional.

Surgiram, assim, pizzas como a de abobrinha com mussarela de búfala temperada com alho poró e parmesão; a de creme de maracujá e uma mistura de marguerita com peperoni. Com ajuda de nutricionistas, as pizzas ganharam cores e sabores inusitados e passaram a fazer sucesso junto ao consumidor que gosta de novidades e estava cansado das pizzas tradicionais.

Em 18 meses, Biazini tinha o retorno do seu investimento. Com um público fiel, que chegou a 40 mil pessoas ao mês durante o ano de 2007, e um consumo de cerca de 157 mil pizzas/ano, a Didio Pizza possui uma das margueritas mais vendida da cidade de São Paulo. A empresa tem hoje seis unidades, contando com mais de 60 entregadores motorizados, e acaba de ser formatada nos padrões internacionais das mais bem-sucedidas pizzarias delivery do mundo.

Com um investimento de pouco mais de 110 mil reais, o franqueado recebe a loja toda montada do franqueador, com os equipamentos necessários para que o proprietário já comece a ganhar dinheiro logo após a assinatura do contrato. O retorno do investimento é previsto para um ano. A expectativa é que a empresa tenha mais 25 unidades ao longo de 2009.

Biazini acredita que o sucesso da Didio Pizza veio graças a alguns cuidados, aparentemente simples, mas que fazem a diferença. “O visual das lojas é importante, com a cozinha de vidro para o cliente observar os pizzaiolos em ação. Também é importante treinar as pessoas que vão trabalhar no negócio, assim como estar atento às novidades e pesquisar o mercado. Os clientes não aceitam mais amadores neste setor”, adverte o empresário.

Como montar sua pizzaria delivery

– Forno (de preferência a lenha)

– fogão

– masseira

– liquidificador

– refrigerador

– freezer

– expositor de bebidas

– máquina de cortar frios

– máquina de moer ou processadores

– rolo para abrir massa

– gaveteira ralador de mussarela

– bancada para ingredientes

– potes para armazenamento

– mochila térmica

– computador com sistema para tirar pedidos, cadastro de clientes e controle de estoque

– telefone

– moto para entrega

COLABORARAM: Babbo Luigi Pizzaria; Da Vinci Pizzeria; Didio Pizza; Esquina da Pizza; Mister Magoo Pizzas; RG Consultoria.

Fonte: https://janapereira.wordpress.com/2009/02/10/dinheiro-saindo-do-forno/

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